
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que a manutenção das rodovias federais enfrenta um déficit bilionário em 2025, o que coloca em risco a segurança e a trafegabilidade das estradas. Segundo o levantamento, o orçamento destinado ao setor será de R$ 7,95 bilhões, valor 48% inferior ao mínimo necessário para manter a malha em condições adequadas, estimado em R$ 17 bilhões pelo Plano Nacional de Manutenção Rodoviária (PNMR).
A auditoria foi apresentada em agosto e mostra que o país conta com 75,8 mil quilômetros de rodovias federais, sendo 9,2 mil km localizados em Minas Gerais. Para o TCU, o subfinanciamento compromete serviços essenciais de pavimentação, sinalização e conservação de estruturas como pontes, viadutos e túneis.
Metas em risco
De acordo com o PNMR, seriam necessários R$ 12,6 bilhões apenas para a manutenção de pavimentos, além de R$ 1,7 bilhão para Obras de Arte Especiais (OAE), R$ 1,7 bilhão para sinalização e R$ 1 bilhão para obras emergenciais. Com o orçamento atual, os técnicos alertam que dificilmente será alcançada a meta de 57% da malha classificada como “boa” ou “ótima” até o fim de 2025.
Em 2024, mais da metade das rodovias federais foi considerada “ruim” ou “regular”, segundo o Índice de Condição de Superfície (ICS). A meta para aquele ano previa 53% da malha em boas condições, mas o resultado ficou em 47%.
Impacto econômico
O descuido também gera custos adicionais para a economia. Um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) citado no relatório aponta que, em 2024, estradas em más condições aumentaram em 1,18 bilhão de litros o consumo de diesel, representando um gasto extra de R$ 7,2 bilhões para os usuários.
Participação popular inédita
A auditoria também contou, pela primeira vez, com participação direta da população. Uma consulta pública realizada em abril coletou 485 manifestações sobre problemas em rodovias federais, estaduais e municipais. Os relatos apontaram rachaduras, ferragens expostas, acúmulo de água, sinalização deficiente e ausência de manutenção periódica.
O TCU conclui que, sem reforço orçamentário, a situação tende a se agravar, com impactos diretos na segurança viária, nos custos de transporte e na competitividade da economia brasileira.