
O ex-presidente Michel Temer destacou nesta segunda-feira a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, especialmente na condução do julgamento envolvendo Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, ressaltando a importância de respeitar a Constituição e o estado de direito.
Durante almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), Temer afirmou que “o STF tem que agir como está agindo”, destacando que Moraes cumpre rigorosamente o texto constitucional. Para o ex-presidente, as sanções e pressões externas, como as manifestações recentes dos Estados Unidos, não alteram a obrigação do tribunal de julgar com imparcialidade e dentro da legalidade.
Temer classificou como “quase inútil” a iniciativa de parlamentares da oposição que ocuparam mesas da Câmara e do Senado no início de agosto. Segundo ele, o debate político deve ser intenso, mas “nunca deve ganhar contornos físicos”, reforçando que conflitos no Brasil precisam ser resolvidos dentro dos marcos constitucionais.
O ex-presidente também defendeu que o país siga um caminho multilateralista, com ênfase na solução pacífica de conflitos, destacando que a produção de provas no caso de Bolsonaro foi ampla e suficiente para o exame criterioso do STF.
Em sua fala, Temer criticou o cenário atual da política brasileira, afirmando que não se trata apenas de polarização, mas de radicalização, que coloca brasileiros contra brasileiros, minando a estabilidade do país e o funcionamento saudável das instituições democráticas.
Com bom humor, o ex-presidente brincou sobre a presença de juristas e autoridades no evento, incluindo Antonio Mariz, Ives Gandra Martins e Fábio Prieto, afirmando: “Não tenho poder nenhum, mas vendo tanta gente, acho que meu café ainda está quente.”
Temer também não descartou uma possível discussão sobre a revisão do foro privilegiado, defendendo que o tema seja tratado pelo Congresso Nacional.
Além do tema institucional, o ex-presidente criticou medidas externas que impactam o Brasil. No final de julho, em vídeo divulgado nas redes sociais, qualificou como “despropositada” a tarifa de Donald Trump sobre produtos brasileiros, reforçando a necessidade de políticas que protejam os interesses nacionais sem comprometer o diálogo internacional.