Trump anuncia redução de tarifas sobre café e acena ao Brasil

Sob pressão de importadores e consumidores americanos, presidente dos EUA promete aliviar sobretaxa que afetou o principal produto brasileiro

Trump anuncia redução de tarifas sobre café e acena ao Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (11) que pretende reduzir parte das tarifas impostas ao café, uma medida que pode reverter os efeitos do tarifaço de 50% aplicado desde agosto e que atingiu diretamente o Brasil, maior exportador mundial do grão. A decisão foi comunicada em entrevista à Fox News, sem detalhamento sobre a magnitude da redução ou os países beneficiados.

A medida ocorre após meses de pressão interna. Desde o início da sobretaxa, o setor cafeeiro americano, que movimenta cerca de US$ 340 bilhões por ano, enfrenta uma crise de abastecimento: torrefadoras reduziram estoques, importadores cancelaram entregas e os preços ao consumidor subiram até 40%. Em setembro, o café registrou o maior aumento de preço em duas décadas nos Estados Unidos, com alta de 3,6% em um único mês.

O impacto sobre o comércio brasileiro foi imediato. As exportações de café para os EUA caíram 52,8% em setembro em comparação ao mesmo mês de 2024, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Ainda assim, os Estados Unidos permanecem como o principal comprador do café brasileiro no acumulado do ano, com 4,36 milhões de sacas importadas, o equivalente a 15% dos embarques totais.

O Brasil, que responde por quase 40% da produção global de café, sofre ainda com a combinação de clima adverso e mercado restrito. Desde 2020, secas prolongadas e custos elevados têm pressionado produtores, especialmente nas exportações de cafés especiais — cujas vendas para os EUA caíram 67% após o início das tarifas.

A fala de Trump vem após conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocorridas em outubro na Malásia, quando ambos discutiram medidas para destravar o comércio bilateral. Um eventual acordo comercial reduziria os custos para torrefadoras americanas e aliviaria produtores brasileiros que enfrentam um dos períodos mais desafiadores da década.

Com a decisão, a Casa Branca tenta responder ao descontentamento interno e, ao mesmo tempo, enviar um sinal diplomático ao Brasil — reforçando a importância do café como produto estratégico e símbolo das relações comerciais entre os dois países.