
As recentes declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tentando se distanciar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), provocaram reação imediata de deputados do Partido Liberal na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Parlamentares acusaram Zema de oportunismo e reforçaram a narrativa de que setores da chamada “direita moderada” buscam se aproveitar da eventual inelegibilidade de Bolsonaro para disputar o eleitorado conservador.
O deputado Bruno Engler (PL) criticou duramente a postura do governador, afirmando que parte da direita moderada deseja a exclusão de Bolsonaro do pleito de 2026. “Esses atores da direita moderada não entram de cabeça na defesa do ex-presidente e não articulam para que ele dispute as eleições, porque a grande verdade é que eles querem ocupar o espaço que é legitimamente de Bolsonaro”, declarou Engler na tribuna.
Engler acrescentou que o Partido Novo, sigla de Zema, adota uma estratégia de aparente aproximação com Bolsonaro, mas na prática torce por sua ausência do pleito. “Eles fingem que estão com Bolsonaro, acenam para as câmeras, mas, na prática, estão na torcida que ele fique fora do jogo. Quem é de verdade sabe reconhecer quem é de mentira”, completou.
O deputado Cristiano Caporezzo (PL) reforçou o tom crítico e acusou Zema de falta de coerência política. “Precisamos de gente que tenha posição clara, e não de quem age conforme a conveniência. Está na cara que esses governadores dependem de decisões do STF para ocupar o espaço político de Bolsonaro”, disse.
No entanto, no entorno do governador, a leitura é diferente. A tentativa de Zema é demarcar sua independência política sem se afastar das pautas de direita, buscando manter credibilidade junto a eleitores conservadores e demonstrando respeito à liderança de Bolsonaro. Em entrevista ao Roda Viva, o governador reconheceu que Bolsonaro segue sendo a principal referência da direita e afirmou que comunicaria pessoalmente sua pré-candidatura ao ex-presidente, reforçando que o distanciamento é político, e não pessoal.
A reação do PL em Minas evidencia que, mesmo em um cenário de centro democrático, a articulação de Zema para 2026 enfrenta resistências significativas dentro da própria base conservadora. O desafio do governador será equilibrar sua candidatura presidencial com a manutenção de apoio entre eleitores de direita, sem reforçar a polarização com o ex-presidente nem se aproximar do governo Lula.