
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, anunciou sua pré-candidatura à Presidência, mas o movimento parece mais simbólico do que estratégico. Sem tempo de TV ou rádio, sem fundo partidário e desconhecido nacionalmente, o mineiro enfrenta um cenário quase impossível de projeção. A iniciativa, realizada em São Paulo, mais parece um gesto midiático do que uma campanha estruturada, lembrando que figuras históricas como JK e Tancredo Neves sempre deram visibilidade nacional a partir de suas próprias terras.
O partido Novo, sem recursos e com alcance limitado nas redes sociais, não consegue fornecer a base mínima necessária para uma candidatura competitiva. Na prática, Zema pode até ajudar a legenda a conquistar votos para eleger deputados federais e cumprir a cláusula de barreiras, mas a disputa presidencial está fora de seu alcance neste momento.
Além disso, a pré-candidatura revela o racha na direita, marcada pela vaidade de governadores que insistem em lançar candidaturas próprias. Zema admitiu que qualquer candidato que avance ao segundo turno receberá apoio dos demais para derrotar a reeleição de Lula, mas seu lançamento não consegue superar o protagonismo nacional de outros nomes do campo político.
Em Minas, o peso histórico do governador mineiro não se traduz mais em relevância nacional. Diferente de eras anteriores, quando governadores mineiros eram cogitados para cargos majoritários ou vice-presidência, Zema hoje não exerce influência comparável.
O lançamento também mostrou o isolamento do governador: do PL mineiro, apenas a secretária Alê Portela marcou presença, e mesmo aliados precisaram custear a própria ida ao evento. Nada foi dito sobre a renúncia fiscal que favorece grandes empresas com R$ 25 bilhões em 2026, enquanto o bloco de oposição na Assembleia Legislativa critica a falta de transparência e alerta: “O que não é bom para Minas, nunca será bom para o país”.
Enquanto isso, setores estratégicos da economia, como a indústria do aço, enfrentam crise diante de importações subsidiadas e falta de fiscalização, e a mineração acumula R$ 20 bilhões em sonegação entre 2017 e 2024. Municípios dependentes de mineradoras, como Itabira, sofrem com baixo IDH, altos custos de vida e gastos em saúde muito acima da média, mostrando que o desenvolvimento regional está longe de ser prioridade.
Por fim, movimentações familiares, como a possível candidatura do pai de Nikolas Ferreira ao Senado, indicam que a política mineira continua marcada por estratégias arriscadas, parentescos e apostas em visibilidade nas redes, sem garantir efetividade eleitoral.
Zema até lançou sua candidatura, mas sem estrutura, recursos e conexão nacional, a iniciativa corre o risco de ser apenas mais um gesto simbólico de vaidade política na corrida presidencial de 2026.