Um dia após a Câmara Municipal de Manaus autorizar um empréstimo de até US$ 195 milhões, o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão, junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, vereadores de oposição anunciaram que irão recorrer à Justiça do Amazonas para tentar suspender a operação. A iniciativa é liderada pelo vereador Rodrigo Guedes, crítico da condução do projeto pelo prefeito David Almeida.
O empréstimo foi aprovado com ampla maioria no plenário, sob a justificativa de que os recursos seriam usados para substituir dívidas internas vinculadas ao programa Proefis Manaus. Para a oposição, no entanto, a proposta avançou sem o debate necessário e sem informações mínimas que permitissem avaliar o impacto financeiro para o município.
Rodrigo Guedes afirmou que a prefeitura não apresentou dados essenciais sobre a operação, como estudos de impacto fiscal, condições de pagamento, número de parcelas, taxas de juros e modelo de amortização. Segundo ele, o Executivo estaria apenas contraindo um novo empréstimo para quitar dívidas anteriores, sem esclarecer quais compromissos serão efetivamente substituídos.
O vereador também criticou a postura da Câmara durante a votação, apontando falta de independência do Legislativo em relação ao Executivo municipal. Diante do cenário, Guedes declarou que a judicialização se tornou o único caminho para questionar a legalidade da aprovação.
Outros parlamentares da oposição manifestaram apoio à iniciativa. Vereadores destacaram que o trâmite acelerado impediu uma análise mais profunda do projeto e levantaram dúvidas sobre o enquadramento jurídico do banco internacional envolvido na operação, o que poderia alterar o quórum necessário para aprovação.
As críticas ganham ainda mais peso diante da situação fiscal do município. Dados oficiais mostram que as despesas com pessoal da Prefeitura de Manaus cresceram mais de R$ 137 milhões no segundo quadrimestre de 2025, superando o ritmo de aumento da receita no mesmo período. Os gastos com servidores avançaram mais de 4% em apenas quatro meses, segundo relatórios enviados ao Tesouro Nacional.
Para a oposição, o aumento das despesas e a contratação de um novo empréstimo bilionário sem transparência reforçam a necessidade de intervenção do Judiciário. O caso deve agora ser analisado pelos órgãos de controle, enquanto o debate sobre responsabilidade fiscal e gestão dos recursos públicos volta ao centro da política manauara.