
O Índice de Governabilidade (I-Gov) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cair em julho, registrando 46,2%, ante 46,8% no mês anterior, segundo levantamento da 4Intelligence obtido pelo Estadão/Broadcast. É o segundo mês consecutivo de queda e o 13º mês seguido com pontuação abaixo de 50 patamar considerado baixo para um governo com ambição de conduzir reformas e agendas estruturantes.
O I-Gov mede a capacidade do governo de aprovar suas prioridades no Congresso, manter alinhamento com o Judiciário e preservar apoio junto à opinião pública. Em julho, Lula se manteve estável no Legislativo, mas em um nível reduzido: apenas 19% de alinhamento. No período, o Planalto aprovou duas Medidas Provisórias sem alterações, enquanto outras duas foram rejeitadas.
No Judiciário, houve queda de 82% para 78%, reflexo de decisões pontuais desfavoráveis no Supremo Tribunal Federal (STF). Já na opinião pública, houve leve melhora, de 40% para 42%, segundo pesquisas da Quaest, Datafolha e PoderData. Apesar do avanço, trata-se ainda do pior índice da série histórica de Lula.
O desempenho atual contrasta com os resultados obtidos em mandatos anteriores, quando o petista registrou 83% de governabilidade em 2005 e 71% em 2009. Também está 11 pontos abaixo do que registrou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período de 2021.
Analistas apontam que o quadro expõe fragilidade de articulação política e dificuldade para construir consensos em um cenário de forte polarização. Para o campo do centro democrático, que defende estabilidade institucional e políticas de resultado, os dados indicam que o país segue preso à lógica dos extremos tanto à esquerda quanto à direita, o que limita a capacidade do governo de avançar em pautas estruturais.