
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou no último sábado (19) o bloqueio de bens, contas bancárias e operações via Pix do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A medida cautelar atinge inclusive o salário parlamentar, que ficará retido pela Câmara dos Deputados.
Investigação, asfixia financeira e estratégia judicial
A decisão foi tomada no âmbito do inquérito que apura a atuação do parlamentar nos Estados Unidos, onde Eduardo teria buscado apoio internacional para deslegitimar as instituições brasileiras. O Supremo entende que o deputado agiu de forma coordenada com o ex-presidente Jair Bolsonaro para obstruir investigações e incitar retaliações diplomáticas contra ministros da Corte.
A medida faz parte de uma estratégia conhecida como asfixia financeira, comumente usada para interromper o financiamento e a continuidade de condutas consideradas ilícitas. Segundo despacho de Moraes, Eduardo teria intensificado suas ações após a operação da Polícia Federal que atingiu seu pai, fato que motivou a adoção imediata da medida.
Interferência internacional e escalada de tensões
A atuação nos Estados Unidos teve repercussões práticas: segundo investigações, resultou na aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções diplomáticas, como suspensão de vistos de ministros do STF.
A Procuradoria-Geral da República vê o caso como uma tentativa coordenada de interferência externa no andamento da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado — processo no qual Jair Bolsonaro é o principal réu.
Declarações e ameaça direta ao Supremo
Em resposta, Eduardo Bolsonaro afirmou que não se intimidará e reforçou críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes. Durante participação em podcast, declarou estar disposto a “ir às últimas consequências” e que “só descansará quando o impeachment de Moraes for aprovado”.
A retórica incendiária foi acompanhada de postagens nas redes sociais com termos como “criminosa”, “arbitrária” e “perseguição política”.
O centro como bússola
A escalada do embate entre parte do Legislativo e o STF ameaça a estabilidade institucional do país. A retaliação simbólica e a intimidação como método de reação expõem uma tática perigosa de radicalização política, que compromete o equilíbrio entre os Poderes.
O Brasil precisa reafirmar os limites democráticos e o compromisso com o devido processo legal. Nem o arbítrio, nem o populismo autoritário são solução. O centro precisa ser espaço de reconstrução, moderação e responsabilidade.
Brasil no Centro — informação clara, posição firme.