
Em meio ao agravamento da tensão comercial com os Estados Unidos, o governo Lula parece dobrar a aposta em alianças geopolíticas com regimes autoritários. O principal articulador dessa estratégia é o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, que voltou a criticar abertamente a postura americana e anunciou que o Brasil reforçará suas relações com o bloco dos Brics grupo composto por países como China, Rússia, Irã e Etiópia.
As declarações foram feitas em entrevista ao Financial Times, no momento em que o presidente Donald Trump impõe uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Para Amorim, a culpa é dos próprios Estados Unidos, que estariam interferindo nos “assuntos internos” do Brasil. Ignora-se, convenientemente, o fato de que a medida de Trump foi uma resposta direta à retórica de Lula e à perseguição jurídica contra Jair Bolsonaro interpretada pelo governo americano como instabilidade institucional.
Ao invés de buscar uma solução diplomática viável, Amorim classificou as ameaças de Trump como “sem precedentes, nem em tempos coloniais”, e defendeu a desdolarização do comércio global discurso caro a ditaduras como a russa e a iraniana. O assessor ainda reforçou o objetivo do governo de estreitar vínculos com países do Sul Global, relegando o Ocidente e seus parceiros históricos a segundo plano.
A postura do governo tem sido criticada até por governadores alinhados ao Centrão e ao agronegócio. Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Jr. (PR) cobraram do Planalto uma política comercial pragmática. “Não dá para submeter os interesses do Brasil ao ideologismo de Lula e à retórica ultrapassada de Amorim”, disse um parlamentar da bancada agroexportadora, sob reserva.
A diplomacia brasileira, sob o comando de Amorim, transforma o país em pária comercial ao se aproximar de autocracias que pouco contribuem para o nosso crescimento. Ao preferir o discurso da confrontação com os EUA e fortalecer blocos com viés antiocidental, Lula compromete acordos importantes como o do Mercosul com a União Europeia e coloca o setor produtivo em xeque.
Enquanto o Brasil fala em desdolarizar o mundo, quem paga a conta é o produtor rural, o exportador e o trabalhador.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.