Ciro Nogueira alerta que a divisão interna da direita jogará fora uma eleição ‘ganha’ nas urnas

Presidente do PP cobra "bom senso" e união em torno de Tarcísio, alertando que a divisão interna jogará fora uma "eleição ganha" nas urnas.

Ciro Nogueira alerta que a divisão interna da direita jogará fora uma eleição ‘ganha’ nas urnas
Gabriela Biló-3.set.2025/Folhapress
Ciro Nogueira

O senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), subiu o tom contra a própria base política, afirmando que a “falta de bom senso” da direita está ultrapassando todos os limites e pode custar ao grupo a vitória na eleição presidencial de 2026, favorecendo a reeleição de Lula (PT). A declaração, feita na rede social X (antigo Twitter), ocorre após uma semana de desânimo no entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e da indefinição sobre o nome que sucederá o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na Direita, digo aqui a centro direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”, alertou Ciro Nogueira. O senador, que é um entusiasta da candidatura de Tarcísio de Freitas, hoje considerado o nome mais viável do grupo, frisou que, apesar das divergências internas, a direita não pode ser “cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSOL”.

A fala de Ciro Nogueira é um reflexo das tensões entre os bolsonaristas mais radicalizados, que insistem na candidatura de Bolsonaro, e aqueles que buscam uma saída pragmática. O ex-presidente já foi condenado e está inelegível. Tarcísio, por sua vez, demonstrou desânimo com a candidatura ao Planalto, citando publicamente a oposição de figuras como Eduardo Bolsonaro e a atuação de Lula em temas internacionais.

O senador do PP, alvo de críticas dos mais radicais, recebeu uma resposta irônica do empresário Paulo Figueiredo, que o questionou sobre acordos com o establishment e a necessidade de uma anistia ampla. Figueiredo, que articula com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a autoridades dos Estados Unidos, defendeu que a anistia aos condenados nos ataques de 8 de janeiro é a única forma de reverter deliberações comerciais.

A proposta de anistia na Câmara tem encontrado resistência, e o texto, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), deve ser transformado em um projeto de redução de penas. Apesar da postura radical do PL, a Folha mostrou que Bolsonaro aceitou a proposta de redução, desde que haja garantia de manutenção de prisão domiciliar, já que a prioridade do ex-presidente é evitar o regime fechado.

Em sua tréplica, Ciro Nogueira utilizou o argumento da saúde para rebater o empresário. Ele disse ter duas grandes preocupações. A primeira é que a oposição na Venezuela imaginava uma alternância de poder que nunca ocorreu; a segunda é a crueldade de deixar “um homem de bem e honesto, como Jair Bolsonaro, preso por muito mais tempo, nas condições de saúde em que está, ameaçando a vida dele, caso a oposição não venda as eleições do ano que vem”.