Eduardo Bolsonaro admite que soube das tarifas dos EUA antes do anúncio oficial

Deputado confirma que medida foi discutida em reuniões com autoridades norte-americanas; posicionamento contradiz versão do ex-presidente Jair Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro admite que soube das tarifas dos EUA antes do anúncio oficial
Imagem da internet

A tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo elemento nesta segunda-feira (21), após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admitir que soube previamente da intenção do governo norte-americano de aplicar tarifas sobre produtos brasileiros. A revelação ocorreu durante participação no podcast “Inteligência Ltda.”, ao lado do jornalista Paulo Figueiredo.

Ambos reconheceram que a taxação foi pauta de reuniões com autoridades dos EUA, ocorridas antes do anúncio feito pelo presidente Donald Trump. O episódio lança dúvidas sobre a versão apresentada mais cedo por Jair Bolsonaro, que afirmou não ter qualquer envolvimento com o caso.

Discussões prévias e mudança de discurso

Durante o programa, Paulo Figueiredo relatou que, embora inicialmente tenha se posicionado contra as tarifas, hoje acredita que a medida foi correta avaliação compartilhada por Eduardo. O deputado, inclusive, classificou a nova alíquota como “Tarifa-Moraes”, numa referência direta à crise institucional envolvendo o ministro do STF Alexandre de Moraes.

“A gente não é quem tem a caneta”, afirmou Eduardo, tentando relativizar sua responsabilidade sobre a decisão. A fala, no entanto, confirma que o tema foi tratado antes do anúncio algo que desmente, na prática, a tese de surpresa defendida por Jair Bolsonaro.

Liberdade, economia e retórica

Eduardo também relacionou a medida à defesa da liberdade de expressão, afirmando que a taxação seria uma consequência direta da atuação do Judiciário. Usando um exemplo hipotético, citou trabalhadores de aplicativo que estariam sendo “calados” pelo Estado brasileiro e afirmou que “sem liberdade, somos escravos, como em Cuba”.

O tom ideológico da fala reforça a retórica de confronto usada pelo bolsonarismo para justificar consequências econômicas que recaem sobre o país, inclusive sobre exportadores, trabalhadores e consumidores.

O centro como bússola

As declarações revelam que parte da classe política tem adotado uma estratégia perigosa: normalizar sanções contra o Brasil por motivos ideológicos. Em vez de defender o interesse nacional, optam por utilizar a crise como instrumento político.

O Brasil precisa ser representado com responsabilidade, em defesa dos que produzem, exportam e constroem a economia real e não ser colocado no centro de retaliações por disputas pessoais.

Brasil no Centro – informação clara, posição firme.