
A movimentação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos vem gerando desconforto até entre os aliados mais próximos. Afastado da Câmara, o deputado se apresenta como único autorizado a tratar da sobretaxa imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros e tem desautorizado senadores, ministros do governo Bolsonaro e líderes partidários criando um rastro de atritos, inclusive com o agronegócio, o centrão e o próprio PL.
Eduardo classificou como um “gesto de desrespeito” a Trump a missão de oito senadores brasileiros que embarcaram para os EUA com o objetivo de dialogar com o Congresso americano e entidades do setor produtivo. Na comitiva, estão nomes como Tereza Cristina e Marcos Pontes, ambos ex-ministros do governo de seu pai. A nota de repúdio publicada por Eduardo, sugerida em vídeo pelo comentarista Paulo Figueiredo, foi vista como um endosso a ataques públicos contra os senadores incluindo o uso do termo “traidores”.
A postura de confronto tem causado desgaste. Um dirigente do centrão encerrou entrevista com jornalistas ao ser questionado sobre Eduardo, dizendo: “Vamos falar de gente séria”. Um presidente de partido foi ainda mais direto: “Esse projeto presidencial dele naufragou. Hoje, Eduardo é mais visto como ‘candidato à cadeia’ do que ao Planalto”.
Nem mesmo a ala bolsonarista mais fiel tem sustentado unanimidade. Eduardo ainda conta com apoio de cerca de 25 parlamentares que se autodenominam “bolsonaristas raiz” grupo marcado por enfrentamentos ao STF e posições radicais. Mas as críticas aumentam.
A bancada ruralista, historicamente alinhada ao bolsonarismo, também rompeu o silêncio. Deputados do agro acusam Eduardo de atrapalhar negociações e expor empregos e negócios brasileiros a retaliações por puro interesse pessoal numa tentativa de blindar juridicamente o pai.
Outro foco de atrito é Nikolas Ferreira (PL-MG). Eduardo tem demonstrado incômodo com o silêncio de Nikolas sobre o tarifaço e sua ausência em momentos críticos, como o episódio da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro. As alfinetadas públicas se intensificaram, sempre seguidas de comentários indiretos por parte de Paulo Figueiredo.
Nos bastidores, aliados de Nikolas afirmam que ele não responderá aos ataques. A estratégia é manter o silêncio e evitar alimentar a disputa enquanto figuras como Jair Bolsonaro, Michelle, Flávio e Silas Malafaia seguem próximos ao deputado mineiro.
A crise interna se aprofunda num momento em que Eduardo amplia o tom, mas perde apoio. Sua permanência nos EUA mesmo após o fim da licença na Câmara, as críticas a Tarcísio de Freitas e o bloqueio a interlocutores do próprio campo bolsonarista sugerem mais isolamento do que protagonismo.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.