
O Brasil lidera o ranking de países mais expostos a um eventual colapso da Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo estudo da Oxford Economics encomendado pela Câmara de Comércio Internacional (ICC). A análise traça um cenário de deterioração do sistema multilateral de comércio, que vem sendo fragilizado por medidas unilaterais e protecionistas especialmente pelos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump.
De acordo com o relatório, o Brasil pode sofrer uma contração de até 45% nas exportações de bens não energéticos no longo prazo, o maior impacto entre as dez economias em desenvolvimento analisadas. Os principais motivos: a elevada dependência de commodities agrícolas, como soja, carne e açúcar responsáveis por quase metade das exportações brasileiras, e a baixa integração em cadeias globais de valor.
A ausência de um órgão internacional para arbitrar disputas comerciais abriria espaço para barreiras tarifárias e sanitárias que penalizariam duramente os produtos brasileiros. “Produtos já altamente protegidos enfrentariam obstáculos generalizados sem o respaldo da OMC”, alerta o documento.
Hoje, o órgão de apelação da OMC responsável por julgar disputas comerciais está paralisado desde 2019 devido ao bloqueio dos Estados Unidos à nomeação de novos juízes. Enquanto o vácuo institucional se agrava, países como Brasil, China e União Europeia tentam manter uma alternativa provisória de solução de controvérsias. Os EUA, no entanto, permanecem à margem.
Durante reunião recente na OMC, o embaixador brasileiro Philip Gough criticou o uso de tarifas como ferramenta de pressão política. Em discurso, ainda que sem citar diretamente os EUA, classificou a atual escalada de tarifas como um “ataque sem precedentes” ao sistema multilateral.
A análise estima que, em um cenário sem a OMC, as exportações dos países em desenvolvimento poderiam cair em média 33%, e o investimento estrangeiro direto recuar entre 3% e 6%, impactando significativamente o PIB dessas nações. O Brasil, mais uma vez, aparece no epicentro desse risco.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.