Lula libera R$ 1,7 bi na saúde para acalmar Congresso

Lula libera R$ 1,7 bi na saúde para acalmar Congresso

Em meio a uma semana de tensão no Congresso Nacional, o governo federal se prepara para liberar mais R$ 1,7 bilhão do Ministério da Saúde para atender pedidos de deputados e senadores. Os recursos saem do orçamento próprio da pasta e não de emendas parlamentares, o que os coloca na categoria de repasses com baixa transparência uma espécie de “orçamento secreto” repaginado.

A movimentação ocorre no momento em que o Planalto tenta recompor sua base e conter desgastes políticos, repetindo um modelo historicamente criticado por enfraquecer a gestão pública e submeter políticas essenciais, como a saúde, a interesses imediatos de barganha parlamentar.

Para o campo do centro democrático, a manobra expõe duas fragilidades: a dependência de Lula de acordos pouco transparentes para manter governabilidade e a falta de prioridade em estabelecer critérios técnicos e republicanos para o uso de recursos públicos. Na prática, a saúde, área que deveria ser blindada de negociações políticas continua sendo tratada como moeda de troca.

A estratégia, embora comum em diferentes governos, contraria o discurso de ruptura com práticas fisiológicas que Lula prometeu durante a campanha. Ao repetir o “toma lá, dá cá” que tanto criticou, o governo envia ao país um sinal de que, mesmo com maioria no Congresso em disputa, está disposto a recorrer às mesmas fórmulas que desgastaram administrações passadas.

O centro democrático defende que a governabilidade deve ser construída com diálogo, previsibilidade e respeito às regras, e não por meio de repasses de última hora, sem clareza sobre critérios e impacto. O risco é que, no curto prazo, o governo até alivie tensões políticas, mas, no longo, alimente o descrédito nas instituições e perpetue o ciclo de barganhas que trava o Brasil.