A dois dias da entrada em vigor do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu agravar ainda mais a tensão com o Brasil. A medida, que já provocaria danos à economia, ganhou contornos ainda mais graves quando o republicano resolveu aplicar a chamada “lei Magnitsky” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acusando-o de violações a direitos humanos e associando-o, na prática, ao terrorismo.
A sanção representa um ataque frontal à soberania do Judiciário brasileiro, coloca o STF como alvo político e compromete qualquer tentativa futura de negociação diplomática sobre o destino de Jair Bolsonaro atualmente inelegível e investigado por tentativa de golpe de Estado.
Ao invés de amenizar o cenário, a ação de Trump fortalece o entendimento, no Brasil e internacionalmente, de que a família Bolsonaro vem tentando instrumentalizar um aliado estrangeiro para pressionar os Poderes nacionais e deslegitimar as instituições democráticas. A atitude de Trump, influenciado por Eduardo Bolsonaro e seus aliados, transforma uma questão jurídica interna em uma crise de soberania.
O efeito político também deve se refletir no próprio campo conservador. O gesto extremo do ex-presidente norte-americano fragiliza ainda mais Bolsonaro, fechando portas para qualquer tipo de acordo institucional e ampliando a distância entre o ex-presidente e os setores que ainda defendiam sua anistia ou redução de penas.
A Suprema Corte brasileira, longe de intimidada, tende a se consolidar ainda mais como pilar de resistência institucional. Cortes ao redor do mundo observam com atenção os desdobramentos dessa afronta, já que ela abre um perigoso precedente de ingerência estrangeira em decisões internas de países democráticos.
No fundo, Trump atacou Moraes, mas acabou atingindo em cheio Bolsonaro. O gesto o isola ainda mais da política institucional e torna a hipótese de retorno ao poder uma fantasia cada vez mais distante.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.