
O União Brasil está de saída do governo Lula e sai atirando. A cúpula do partido decidiu entregar os dois ministérios que ocupa na Esplanada dos Ministérios e anunciou que qualquer filiado que insistir em permanecer será expulso da legenda. A debandada está marcada para setembro, mas a crise política já se instalou com força no Palácio do Planalto. E ela não é de agora.
A origem do rompimento, até onde o governo tenta fingir surpresa, já vinha se desenhando desde abril, quando o União Brasil formalizou sua federação com o PP um dos principais partidos de oposição a Lula. A partir dali, o apoio ao petista virou um constrangimento institucional. O estopim, porém, veio de público, com as declarações duras de Antonio Rueda, presidente do partido e da federação União-PP, em evento da XP Investimentos que reuniu empresários, investidores e CEOs em São Paulo.
Ao lado de Edinho Silva, presidente do PT, Rueda fez o que há tempos faltava à política brasileira: disse a verdade sobre o governo Lula. Criticou a ausência de metas claras, a falta de coragem para enfrentar os desafios estruturais do país e a submissão ideológica a regimes autoritários. Apontou a omissão diplomática que contribuiu diretamente para o tarifaço imposto por Donald Trump e expôs a paralisia do Planalto frente aos impactos da inteligência artificial, do desequilíbrio fiscal e do sucateamento de áreas essenciais como saúde e educação.
Segundo ele, “o governo atual não entrega o que a sociedade precisa”. E foi além: acusou Lula de viver em função da eleição, ignorar o debate sobre modernização econômica e desprezar a urgência de um país que precisa cortar gastos com seriedade. “Eu não consigo enxergar metas no governo. Está tudo muito solto”, declarou, sob aplausos. “Enquanto o mundo ocidental defendia a Ucrânia, o presidente foi lá bater palma pra Rússia. Isso vai ter custo.”
As falas caíram como bomba no Planalto. Lula, incomodado, convocou fora da agenda os três ministros ligados ao União Brasil para exigir explicações e condicionar a permanência no governo ao apoio político no Congresso. A resposta veio rápido e em tom de rompimento. Em publicação nas redes sociais, Rueda reforçou a posição do partido: “Independência não se negocia”.
A crise interna se converteu em ruptura pública. Dos três ministros do União, apenas Celso Sabino (Turismo) é filiado ao partido e será expulso caso insista em permanecer como “cota pessoal” de Lula. Frederico Siqueira (Comunicações), indicado pelo União mas sem filiação, também será desligado. Waldez Góes (Integração Nacional), embora do PDT, segue no cargo por força direta de Davi Alcolumbre cacique do União no Amapá e deve permanecer, ao menos por ora.
Com o desembarque, Lula perde o apoio da terceira maior bancada da Câmara 59 deputados e vê sua base de sustentação política encolher ainda mais. Em um Congresso cada vez mais fragmentado e pragmático, o isolamento do Planalto compromete qualquer tentativa de avanço legislativo no segundo semestre. A ideia de uma coalizão sólida nunca existiu e agora, nem fachada sobra.
O União Brasil, ao romper, sinaliza o que já era perceptível nos bastidores: o governo Lula está politicamente desgastado, economicamente ineficaz e ideologicamente descolado da realidade do país. Enquanto o presidente prioriza discursos de efeito e palanques internacionais, perde aliados, confiança institucional e a capacidade de governar com estabilidade.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.