Correios suspendem pagamentos e acumulam dívidas bilionárias para conter colapso de caixa

Estatal deve R$ 2,75 bilhões a fornecedores, planos de saúde, tributos e benefícios; empresa enfrenta 11 trimestres seguidos de prejuízo

Correios suspendem pagamentos e acumulam dívidas bilionárias para conter colapso de caixa
Imagem da internet

A crise financeira dos Correios atingiu um novo patamar. Um documento interno da estatal confirma o adiamento do pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações com fornecedores, tributos e benefícios dos trabalhadores. A medida foi tomada para tentar preservar a liquidez diante de um cenário de desequilíbrio operacional persistente.

Entre os compromissos suspensos estão repasses ao plano de saúde Postal Saúde, ao fundo de pensão Postalis, ao programa Remessa Conforme, ao vale-alimentação e a dívidas tributárias como INSS patronal e PIS/Cofins. Parte dessas pendências já gerou cobrança judicial por empresas prestadoras de serviço.

Prejuízos consecutivos e dificuldades estruturais

A estatal acumula 11 trimestres consecutivos de prejuízo. Apenas no primeiro trimestre de 2025, o rombo chegou a R$ 1,7 bilhão o pior início de ano desde que a empresa começou a divulgar os dados trimestrais, em 2017. O déficit representa aumento de 115% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A estrutura de custos dos Correios segue engessada: 88% das despesas são fixas, incluindo manutenção de unidades, frota e folha de pagamento. A queda no volume de postagens, agravada por mudanças regulatórias no comércio internacional e aumento da concorrência, reduziu ainda mais a receita da empresa.

Captação emergencial e cenário incerto

A estatal tenta captar R$ 1,8 bilhão em novos recursos, mas não detalhou se haverá apoio direto do Tesouro ou novos empréstimos privados. Os Correios já contrataram dois financiamentos em dezembro de 2024, somando R$ 550 milhões, com vencimento integral ainda em 2025.

Também está em negociação um empréstimo de R$ 4,3 bilhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), vinculado ao Brics. Mas os recursos têm destinação específica para projetos ambientais e logísticos sem possibilidade de cobertura do caixa geral.

O centro como bússola

A situação dos Correios expõe os limites do modelo estatal baseado em estrutura inflexível, baixa competitividade e ausência de planejamento estratégico. A crise não é de hoje, mas o agravamento em meio a novos desafios exige respostas técnicas, realismo orçamentário e responsabilidade institucional.

Salvar os Correios exige mais do que adiar boletos: exige modernização, eficiência e gestão baseada em mérito, não aparelhamento.

Brasil no Centro – informação clara, posição firme.