
Em artigo publicado nesta terça-feira, o economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, voltou seus olhos para o sistema financeiro brasileiro e deixou uma pergunta retórica no ar: “O Brasil criou o futuro do dinheiro?”. A indagação serve de mote para elogiar o Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, que já alcança mais de 93% da população adulta do país.
Krugman criticou duramente a resistência do governo americano em adotar soluções digitais públicas semelhantes. Segundo ele, o sistema político dos EUA é refém dos interesses do setor financeiro e da ideologia de que o Estado não pode ser solução. Em contraste, exaltou a decisão do Brasil de estruturar um sistema simples, gratuito para pessoas físicas e de baixo custo para empresas.
“O Pix está entregando o que os defensores das criptomoedas prometeram sem cumprir: inclusão financeira e transações de baixíssimo custo”, escreveu o economista. Ele comparou: enquanto 93% dos brasileiros usam o Pix, apenas 2% dos americanos utilizaram criptoativos para pagamentos em 2024.
O artigo também menciona com ironia a hipocrisia da direita americana ao temer vigilância via moedas digitais ao mesmo tempo em que autoriza a entrega de dados pessoais para fins de repressão migratória. Krugman aponta que o Fed (o Banco Central dos EUA) está sendo impedido pelo Congresso de sequer estudar a possibilidade de uma moeda digital nacional.
Ao elogiar o modelo brasileiro, ele também lança farpas políticas: “O Brasil não é conhecido por liderar em inovação financeira, mas está muito à frente dos EUA. Afinal, eles julgam ex-presidentes que tentam fraudar eleições”, afirmou, numa referência à situação de Jair Bolsonaro.
Para Krugman, mesmo com os avanços do Pix, o plano brasileiro de implantar uma moeda digital do banco central (CBDC) deve reforçar ainda mais a inclusão e a eficiência dos pagamentos. “Outras nações deveriam aprender com o Brasil. Já os EUA continuarão travados entre interesses privados e ilusões tecnológicas”, concluiu.
Brasil no Centro – informação clara, posição firme.